terça-feira, 31 de março de 2009

Inês de Castro de María Pilar Queralt del Hierro - Outra visão deste romance!


Resumo:

A narrativa inicia-se em 1622 e retrata a angústia do dramaturgo Luis Velez de Guevara pela falta de um tema que lhe desse, como outrora, prestígio e dinheiro. Encaminha-se para a usual tertúlia numa taberna, na qual se intromete um cavaleiro português, que promete que o seu testemunho o inspirará. O misterioso narrador volta então ao século XIV, onde a história tomou lugar. Em 1330, D. Pedro Fernández de Castro, senhor de Lemos, vê-se obrigado, devido à morte da sua esposa e às dificuldades financeiras, a enviar a filha de dez anos, Inês de Castro, para Castela, ao cuidado de um parente afastado, de modo a que a menina acompanhasse a filha deste, D. Constança. Sob prenúncios felizes de uma bruxa, a bela Inês muda-se para o Castelo dos Manuel, onde vive como irmã de D. Constança, apesar das características opostas. Tudo muda quando chega o pedido de casamento por parte de D. Pedro, príncipe herdeiro da Coroa Portuguesa, para Constança, que, sujeitando-se à vontade do pai, muda-se para Portugal, acompanhada por Inês. Na chegada, ambas se cruzam com um cavaleiro, cuja beleza admiram, e que mais tarde descobrem ser Pedro. Daí em diante, Inês substitui a sua energia e actividade pela nostalgia e tristeza, que muitos desculpam com a euforia da chegada. Mas a verdade é que ela se apaixonara pelo príncipe e tentava com todas as suas forças fugir à sua presença para apagar esse sentimento, pelo respeito e amor que devotava a Constança. Esta, mesmo vivendo um matrimónio feliz, não consegue deixar de reparar na cumplicidade que une o seu esposo e a amiga, apontada pela corte e pelo próprio rei. Inês também se apercebe de que o seu sentimento é recíproco e acaba por sucumbir ao amor do príncipe. Atordoados pela culpa, a rapariga isola-se cada vez mais, enquanto Pedro se refugia nas longas caçadas. Constança acaba por se aperceber daquilo que negara desesperadamente e toma uma atitude, que se revela infrutífera. Mas Inês não suporta mais a situação e, sob pressão do rei, muda-se para a casa dos seus irmãos, onde sonhos premonitórios a atormentam. É chamada por Constança devido ao nascimento do terceiro filho desta, ao qual a princesa acabaria por não resistir. No entanto, zelosa pela felicidade do casal, obriga a amiga a prometer ser feliz com Pedro e cuidar dos infantes. Porém, o rei manda Inês para o Convento de Santa Clara, em Coimbra onde esta, um ano depois, começa a receber visitas regulares do príncipe D. Pedro, o que muito enfurece o rei português, que via na família Castro uma ameaça para o trono. Assim sendo, sob a influência de três cavaleiros, acaba por ordenar o desaparecimento de Inês, que entretanto tivera quatro filhos com Pedro e o desposara secretamente. Em 1355 é morta, despoletando uma cruel vingança de D. Pedro e a póstuma aclamação de Inês de Castro como rainha de Portugal. A obra encerra com os lucros do sucesso de Guevara que, inspirado pela trágica narrativa, escrevera a sua obra-prima.


Apreciação global da obra:

Esta obra permitiu-me conhecer de forma mais aprofundada a história que ao longo dos tempos, quase como uma lenda, tem vindo a impressionar toda uma nação e não só. Além da forma como foi narrada a vida de Inês de Castro, de uma maneira muito pessoal, que me permitiu ver “o outro lado da História”, apreciei particularmente o peculiar inserir do conto na boca de um cavaleiro português, pois este pormenor relançou uma aura de mistério sobre toda a narrativa e propiciou-me o conhecimento do dramaturgo e novelista espanhol, Luis Vélez de Guevara, que também escreveu sobre este tema. Na verdade, foi uma agradável surpresa deparar-me com a real existência deste autor que parecia, assim como os seus contemporâneos citados, uma mera personagem criada pela autora, devido a uma descrição tão próxima. É mais uma incógnita a acrescentar à lista das muitas dúvidas com que ficamos ao ler esta obra, pois, na verdade, esta versão romanceada da história de Inês de Castro possui, como a própria autora admite, alguma liberdade no que respeita a datas e a factos. Mas esclarece, e muito, sobre as verdadeiras motivações de D. Afonso IV em relação à morte de Inês de Castro, e levanta questões relativamente à ideia que eu formulava sobre qualquer uma das personagens. Mas o mais tocante, no meu ponto de vista, é o facto de explorar de forma profunda o íntimo das personagens e os seus sentimentos, de modo a clarificar as suas verdadeiras intenções. Apesar disso, é preciso não esquecer que este livro, tal como todas as narrativas históricas, possui um fundo de verdade, mas não terá sido realmente assim. Ou terá? Com certeza nunca saberemos. Mas obras como esta relançam o orgulho no passado ou, pelo menos, a convicção de não vir a repetir os mesmos erros no futuro.

4 comentários:

  1. Parabéns Cátia.
    O texto está muito bom.
    As Borregas são mesmo boas.
    Beijinhos

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  2. O livro Ines de Castro é muito tocante,pois conta-nos uma historia de um amor que era proibido, fala das traições de ines em relação a sua amiga D.Constança!
    Adorei a história embora seja triste porque nem sempre o amor vence e aquilo que queremos que aconteça nos acontece realmente....

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  3. como encontrar os contatos de Maria Pilar?
    obobrigada
    creusa borges
    creusaborges@hotmail.com , sao paulo brasil.

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  4. Olà Creusa!
    Soy María Pilar Queralt del Hierro. Puedes escribirme a queraltdelhierro@gmail.com o entrar en mi pàgina de Facebook.
    Un saludo cordial

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